As novas facetas de Hyldon, um mestre do soul brasileiro (O Globo)

por Silvio Essinger

RIO – Um dos grandes nomes da soul music brasileira, que despontou em 1975 com seu primeiro álbum, ”Na rua, na chuva, na fazenda” (de grande sucesso nas rádios com a faixa-título, “Na sombra de uma árvore”, e “As dores do mundo”), o baiano Hyldon, 62, confessa que andava se sentindo um clone de si mesmo.

Sumido do cenário por boa parte dos anos 1990, e depois associado ao velho repertório (que foi regravado por Kid Abelha e Jota Quest), ele foi encontrando em parcerias com músicos das mais diferentes gerações a sua saída artística. Na quarta-feira, às 19h30m, no Teatro Rival, ele estreia o show de “Romances Urbanos”, disco que reúne a recente produção.

A noite tem tudo para ser uma grande festa, com participações de Zeca Baleiro (seu parceiro mais frequente, representado no disco por “No fim da estrada tem uma cidade”), Bebeto e Serjão Loroza.

“Tive uns hiatos bem grandes entre discos, é hora de recuperar o tempo perdido” conta Hyldon, que andou engrenando uma parceria fértil com Arnaldo Antunes (por vezes acrescida da cantora Céu), que rendeu canções para seu próprio disco (“Tempo, tempinho, tempão” e “O tombo”) e para os de Arnaldo (“Trato”) e de Serjão (“17 beijos”).

Com potenciais parceiros, como os rappers Emicida e Renegado, fazendo fila, Hyldon se diz orgulhoso de algumas canções do novo disco, como “Revanche”, feita com o baixista e cantor Jorge Ailton:

“Foi para uma amiga minha que tinha levado um perdido do marido, para levantar o astral dela. Tem gente que até pensa que é música gospel.”

Para o show, o cantor montou uma banda focada no balanço, meio “Black Rio, Ohio Players”:

“Esse disco é o mais radiofônico que fiz em muito tempo. Agora chegou a hora de mostrá-lo. Eu costumava ser muito perfeccionista em show, agora estou mais relaxado.”

O Globo