Cancionistas em dueto: o encontro de Tunai e Hyldon em Fortaleza (Diário do Nordeste)

Os compositores fazem show juntos, hoje, no Centro Dragão do Mar, inaugurando o projeto “Duetos”

Duas almas brasileiras convertidas em canções: o repertório de Hyldon e Tunai, cada um à sua maneira, fizeram – e fazem – escola no nosso cancioneiro. Um, baiano, personificação do soul “brazuca”, parceiro de Tim Maia e Cassiano, com pérolas como “As dores do mundo” e “Na chuva, na rua, na fazenda”. Outro, mineiro, imortalizado por “Certas Coisas”, “As Aparências Enganam”, cantadas por vozes como Milton Nascimento e Elis Regina.

Tunai e Hyldon acumulam sucessos desde as décadas de 1970 e 1980. Os dois já dividiram palco em Fortaleza em 2009 Foto: José Luiz Pederneiras / CÉSAR OITICICA

Em comum, os mais de 30 anos de estrada e sucessos que mantêm-se atuais, apesar das décadas, regravados por músicos das novas gerações.

Os dois artistas fazem a primeira edição, hoje, do projeto “Duetos”, com show às 21 horas, no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Com eles, o trio de instrumentistas cearenses Lú de Sousa (guitarra), Miqueias dos Santos (baixo) e Ricardo Pontes (bateria). A apresentação de abertura, fica por conta do cantor e compositor Paulo Façanha. Inaugurando o projeto, Hyldon e Tunai são desafiados a emparelhar seus repertórios, mesclando e interagindo a veia musical um do outro.

Parceria

Os dois se revezam no palco, relembrando sucessos e apresentando inéditas, trocam repertório e dividem algumas canções. “Os estilos, as diversas vertentes da música, se fundem. O lance do Hyldon remete mais ao soul, mas é como o Tom Jobim sempre falava: ´música, só existe de dois tipos, ou é boa ou é ruim´”, argumenta Tunai, sobre a afinidade que tem com o parceiro desta noite.

O compositor destaca a permanência do repertório como atestado de qualidade. Ambos, foram sucessos nas décadas de 1970 e 1980 e continuam sendo regravados. “O soul, no fundo, é uma balada bem feita. Acho que a música tem que ser bem feita. Ter harmonia, melodia e letra. Por isso a gente tem essa coisa eternamente”, reforça.

Esta, lembra, não será a primeira parceria de palco com Hyldon. Eles excursionaram recentemente, com shows que incluíam na trupe o cantor Dalto. Os três chegaram a se apresentar em Fortaleza, em 2009, em show realizado no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). “Faz tempo que não toco em Fortaleza, mas venho aqui há mais de 20 anos. Tocava e depois fazia uma excursão pelos bares. É uma cidade muito musical”, lembra Tunai.

Repertório

Acima do lado intérprete, Tunai é um provedor de repertório. Mineiro, de Ponte Nova e radicado no Rio de Janeiro, deve muito de seus sucesso às vozes de Elis, Milton, Gal Costa, Simone, Beto Guedes e Roupa Nova. Esta noite, entretanto, ele promete pender um pouco a apresentação ao ofício de interpretar. Além de dar voz às suas canções, que grava desde 1980, ano de lançamento de seu primeiro single, fará uma homenagem ao repertório de Elis Regina, cantora que o consagrou nacionalmente, em 1979, gravando parceria sua com Sérgio Natureza “As Aparências Enganam”.

A ela, o músico dedica o medley “Berimbau Assanhado”, costurado à base de canções que fizeram sucesso na voz da pimentinha, incluindo afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, “Upa Neguinho”, de Edu Lobo, e “Lapinha”, também de Baden, com Paulo César Pinheiro.

Do próprio Tunai, devem entrar os sucessos que regravou em seu disco mais recente, “Eternamente…” (2011) e algumas inéditas. “A gente tem que fazer o que o povo quer. E ele gosta de sucesso, porque já conhece. Quando a plateia está bem feliz, rindo, aí, a gente aproveita e lança uma inédita”, revela, rindo, a lição aprendida.

Soul

Do lado do baiano Hyldon, parte também é composta pelos grandes sucessos da carreira. Além das duas já citadas, não devem faltar hits como “Na “Sombra de uma Árvore”, “Acontecimento”. Com sorte, o compositor apresentará músicas de “Romances urbanos”, disco lançado este mês pela Sony Music, apenas em formato digital. O álbum foi o primeiro de inéditas, desde 2008, quando havia lançado “Soul Brasileiro”.

O custo do ingresso é de R$20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), mais duas latas de leites que serão doadas a uma instituição de caridade. O projeto inclui outras três edições, sempre no palco do anfiteatro, com participação de Zezé Mota e Lúcio Ricardo, dia 12 de dezembro; Celso Fonseca e David Duarte, 4 de janeiro de 2014, e, encerrando, também em janeiro, Amelinha e Isaac Cândido, dia 17.

Caderno 3 – Diário do Nordeste