Hyldon comemora os 40 anos de seu grande hit: ‘tem música que não dura nem dois meses’ (Jornal O Globo)

Por Gabriela Leal

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Foto Divulgação O Globo

Pouco antes do show em comemoração aos 40 anos do álbum “Na rua, na chuva, na fazenda”, mesmo nome de sua composição mais famosa,Hyldon dizia não ver problema em apostar no seu antigo repertório.

“Eu não me incomodo quando pedem para tocar essas canções que me consagraram”, garante. “Hoje em dia é tão difícil um artista emplacar uma música sem jabá, conquistar classes de A-Z e agradar a diversas idades… Os hits não duram nem dois meses, quanto mais 40 anos”.

“Na rua, na chuva, na fazenda”, aliás, teve uma versão gravada por Paula Toller. Hyldon não diz se gostou ou não. “Depois que você faz a música e alguém grava, ela não te pertence mais, é do mundo”, afirma. “Só que na minha tem o ‘tchu-tchu-tchu-ru-tchu’ no começo, é minha marca”.

Companheiro de pelada de Chico Buarque — ele é zagueiro do time Polytheama —, Hyldon comentava o motivo do seu bronzeado, evidenciado pelo terno branco e pela “luz de camarim”. “É que a gente joga três vezes por semana, sempre à uma da tarde. Já pedimos para mudar isso, mas o Chico diz que ninguém nunca morreu por jogar nesse horário… E olha que a média de idade lá é de 60 anos!”.

O compositor é, como ele mesmo diz, “das antigas”, mas circula bem entre a safra nova de músicos. “Gravei há pouco tempo com o Mano Brown, com o pessoal do Cone Crew Diretoria, que me chama de padrinho”, contava. “Aliás, eu adoro rap, sabia? Ele educa, faz as crianças se interessarem pela leitura, tira os meninos do crime”.

Hora de começar o show. Já no palco, antes de cantar “Dores do mundo”, ele contou que iria começar a apresentação com algumas canções de seu primeiro LP. “São do tempo em que o amor não era tão capitalista e a gente podia andar de bicicleta na cidade…”.

Em seguida, emendou com a música, um sucesso escrito no trânsito, dentro do túnel, a caminho de Copacabana, na década de 70. “Naquela época, a gente adorava ir para a Prado Junior comer um sanduíche de pernil no Cervantes quando tinha um dinheirinho”.

Um dos últimos a chegar ao Theatro Net Rio,Roberto Frejat encheu a bola de Hyldon. “Ele é uma figura fundamental nessa linhagem da qual Cassiano e Tim Maia fazem parte: a do soul brasileiro. É um cara que não tem preconceito com geração nem com estilo musical”, elogiou

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Foto Divulgação O Globo