Hyldon

Ícone da soul music no Brasil

O fôlego extra de Hyldon

 

Em um momento produtivo e de parcerias, o ícone do soul brasileiro reedita seu último CD de inéditas com melhorias e complementos.

Quando lançou o CD Soul Brasileiro, em 2008, Hyldon voltava à cena com um álbum só de inéditas pela primeira vez desde 1989. Perfeccionista, o ícone da soul music brasileira (ao lado de Tim Maia e Cassiano) dedicou meses de estúdio para o trabalho, mas deixou passar algumas imperfeições. Nada que impedisse que o disco fosse elogiado. Mas, no ano passado, a gravadora Warner/Chappell reformulou seus estúdios e convidou Hyldon para experimentá-lo. Foi a deixa para resolver deficiências e, por que não, devolver ao público um disco renovado, que chega ao mercado sob o nome de Soul Brasileiro – Edição Extra.

Habituado às rotinas de estúdio – o músico já era experiente em gravações quando lançou seu primeiro disco solo, Na Rua, na Chuva, na Fazenda, que trouxe o hit homônimo em 1975 – o soulman regravou todas as vozes, fez uma nova mixagem e masterização, mudou a ordem das músicas, encomendou uma nova capa e acrescentou novas linhas de guitarra ao disco. “Aproveitei que estava com a mão na massa e botei coisas que achei que poderiam melhorar”, diz o músico, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.

Parcerias
Além dos novos elementos, o CD ganhou o clipe de “Brazilian Samba Soul” e uma faixa extra, “Estão Dizendo por Aí”. Originalmente lançada no LP Nossa História de Amor, de 1977, a música foi gravada ao vivo no programa Grêmio Recreativo, da MTV, no início de 2011. A gravação conta com a participação do apresentador, músico e poeta Arnaldo Antunes, e uma banda de ilustres da cena nacional: Edgar Scandurra, Céu, Karin Buhr, Gui e Rica Amabis, Dengue, Lúcio Maia e Pupillo (Nação Zumbi), Seu Jorge e Dustan Gallas.
As participações da faixa se somam a outros artistas de peso convidados para tocar (e não cantar) no trabalho, como Roberto Frejat (guitarrista do Barão Vermelho), Carlinhos Brown, Zeca Baleiro (violão) e Chico Buarque (kalimba). “No final, eu tive até que parar o disco, porque um falava para o outro. Muita gente queria participar e ficou fora. Talvez pinte um número dois”, diz Hyldon.

Quase um Caymmi
O grande número de participações alimenta a produtiva fase atual de Hyldon. De acordo com o músico, as parcerias o estão levando a compor muito. Não que isso fosse raro – Hydon compõe o tempo todo. Mas os parceiros o pressionam para que as músicas sejam terminadas. “Descobri que sou muito lento. Não sei se por ter um lado baiano [Hyldon nasceu em Salvador, e se mudou ainda criança para Niterói (RJ)]. Componho devagar. Não sou um Dorival Caymmi, mas quase”, brinca. “Com isso, tenho um material muito bom de inéditas. Estou pensando em gravar um novo, pra não ficar esse tempo todo sem gravar”, diz.
Na atividade

Além de Arnaldo Antunes e Céu, que conheceu durante as gravações para a MTV, Hyldon tem feito parcerias com Zeca Baleiro, Leo Cavalcanti e os rappers Mano Brown e Dexter. O hip-hop, aliás, é um dos gêneros mais poderosos hoje para o músico. Sua filha, Yasmin, é MC e participa de Soul Brasileiro.

A facilidade para circular em universos musicais diferentes, para Hyldon, vem de sua formação diversificada, propiciada pela longa experiência em bailes e estúdio. A ausência de preconceitos musicais teria se refletido na universalidade de sua obra. O maior exemplo é “Na Rua, na Chuva, na Fazenda [Casinha de Sapê]”, que foi gravada por artistas completamente diferentes: do easy listening do pianista francês Richard Clayderman ao samba de Jorge Aragão, passando por Chrystian & Ralf e a famosa gravação do Kid Abelha.

Aliás, é a garotada que ouve hip-hop quem mais tem vindo cumprimentá-lo nas ruas. Hyldon fez uma ponta como um “padrinho da máfia” no clipe “Chama os Mulekes”, do grupo de rap carioca Cone Crew Diretoria.

“É um orgulho muito grande ter acesso a todas essas coisas, ser respeitado por essas pessoas, e ser uma pessoa bem-vinda em todos esses segmentos. Por isso, quero produzir, não demorar tanto de um disco para o outro”, diz Hyldon, que anda “com a mão coçando” para fazer shows. Um deles acontece no Rock in Rio Lisboa, no dia 1.º de junho, com banda portuguesa Orelha Negra e o músico e produtor brasileiro Kassin.

Fonte: Gazeta do Povo

   

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