País tropical, alma black (Diário do Nordeste)

 

Coletânea dupla, “Soul do Brasil” reúne o melhor do gênero feito no País. Em 27 canções, ouve-se de clássicos como Hyldon e Tim Maia a figuras hoje esquecidas

Chega às lojas um disco duplo com o melhor da soul music feita no Brasil. Lançado pela Warner, o CD duplo “Soul do Brasil traz um texto de apresentação escrito pelo conceituado jornalista cultural carioca Tárik de Souza. No encarte do álbum, ele define o gênero como uma “fusão do gospel das igrejas com o rhtyhm & blues das ruas americanas, o soul (e derivados) propagou pelo planeta um estilo de música visceral e dançante. A coletânea ´Soul do Brasil´ mostra a face nativa do movimento, liderada pelo ´Síndico´, Tim Maia, acolitado por ases de alto calibre, como Cassiano, Hyldon, Sandra de Sá, Toni Tornado, Ed Motta, Paulo Diniz, Toni Bizarro, o emepebista Ivan Lins em início de carreira, e bandas como Brylho e Black Rio. A chapa ferve nesta sequência de clássicos e pérolas capaz de mover e comover até frade de pedra”.

Seleção

O projeto de pesquisa de “Soul do Brasil”, que abarca canções que vão de 1970 até 2000, teve a assinatura do expert Carlos Alberto Sion, que, além de fonogramas de artistas da sua companhia, a Warner Music, como Black Rio, Brylho, Cassiano, Ed Motta, Hyldon, Sandra de Sá, Tim Maia, também pediu autorizações para a inclusão de músicas do catálogo de outras gravadoras na coletânea, para sedimentar com mais uma base mais autêntica a trajetória da black music nacional.

Desta maneira, também retornam no pacote, agora com som digital, o tempero de Ivan Lins ainda no começo da trajetória, do catálogo da Universal, com “Agora”, parceria de 1970 ao lado de Ronaldo Monteiro de Souza, o mesmo letrista do sucesso “Madalena”. Do mesmo ano, foi incluída a emblemática “BR3”, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, do acervo da EMI, na levada de Toni Tornado, ganhador da etapa brasileira do V Festival Internacional da Canção, de 1970.

Outro ponto positivo da coletânea foi a reunião de gravações originais – afora “Azul da cor do mar”, que vem agora na voz de Sandra de Sá, em nova versão. O clássico já havia recebido seu registro definitivo por seu autor, Tim Maia, em 1970 no seu então LP homônimo de estreia.

Repertório

Verdadeiras pérolas dos anos 70, como “Na rua, na chuva, na fazenda” e “Na sombra de uma árvore”, ambas com Hyldon; Banda Black Rio nos temas “Leblon via Vaz Lobo”, “Caminho da roça” e “Maria fumaça” (esta, da abertura da novela global “Locomotivas”, de 1977). Além delas, “A lua e eu”, com Cassiano, e “Fim de tarde”, na voz de Cláudia Telles. Da década de 80, “Olhos coloridos”, sucesso de Sandra de Sá; “Noite do prazer”, com o grupo Brylho; “Manoel”, de Ed Motta; e as pouco divulgadas de Tim Maia “Amiga” e “Você mentiu”; e um registro raro de Tony Bizarro, “Dr. Swing”, composição do guitarreiro Luís Wagner. CD para ouvir e dançar.

NELSON AUGUSTO – REPÓRTER

 

Fonte: Diário do Nordeste