A musicalidade de Hyldon | Paraiba Online

 

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Em 4/10/2007, numa quinta-feira à noite, fui ao Teatro Municipal Severino Cabral assistir, pela primeira vez, em Campina Grande (PB), à apresentação do cantor, compositor, produtor e violonista baiano Hyldon (Hyldon de Souza Silva), nascido em Salvador (BA), em 17 de abril de 1951.

Cheguei cedo e procurei uma poltrona bem no meio da plateia. Estava curioso para ver, ao vivo, um dos três responsáveis pela introdução no Brasil do que se convencionou chamar de soul music brasileira. Os outros dois parceiros são Tim Maia (Sebastião Rodrigues Maia) e Cassiano (Genival Cassiano dos Santos), este último nascido em Campina Grande.

Depois da apresentação da atração local, a cantora Edra Veras, filha do zabumbeiro Parafuso, um dos componentes do Três do Nordeste, entrou no palco a atração principal: o veterano Hyldon, ele e o violão. Veterano como músico, pois aos 14 anos tocou guitarra na gravação de um dos discos do grupo The Fevers.

Não sei o que ocorreu. Talvez a divulgação do show foi feita de forma ineficiente, pois poucos de minha geração compareceram para prestigiar a apresentação do autor de verdadeiros clássicos da música popular brasileira, dentre eles:

A balada “Na rua, na chuva, na fazenda (casinha de sapê) ”, lançada em 1974: “Não estou disposto/ a esquecer teu rosto de vez/ e acho que é tão normal/dizem que sou louco/ por eu ter um gosto assim/gostar de quem não gosta de mim/jogue suas mãos para o céu/ e agradeça se acaso tiver/ alguém que você gostaria que/estivesse sempre com você/ na rua, na chuva, na fazenda/ou numa casinha de sapê…”

E a outra música foi “As dores do mundo”, lançada em 1975: “O teu olhar/caiu no meu/ a tua boca/ na minha se perdeu/ foi tão bonito/ tão lindo foi/ que eu nem me lembro/ o que veio depois/ a tua voz/ dizendo amor, amor, amor/ foi tão bonito/ que o tempo até parou/ de duas vidas/ uma se fez/ e eu me senti/ nascendo outra vez /e eu vou/ esquecer de tudo/ as dores do mundo/ não quero saber quem fui, mas de quem sou/ e vou esquecer de tudo/ as dores do mundo/ só quero saber/ do seu, do nosso amor”.

Durante o show, Hyldon fez questão de lembrar a importância do compositor e músico campinense Cassiano, um dos autores de “Primavera (Vai chuva) ”, grande sucesso na voz de Tim Maia, e da belíssima “A lua e eu”, composta em 1973, em parceria com Paulo Zdanowski: “Mais um ano se passou/e nem sequer ouvi falar seu nome/a lua e eu/caminhando pela estrada/eu olho em volta e só vejo pegadas/ mas não são as suas/eu sei…eu sei…eu sei…”

Como um bom comunicador, ele pediu para a plateia dividir os vocais com ele e a plateia cantou; contou casos interessantes, como por exemplo, quem canta a segunda parte da música “Coroné Antonio Bento”, composição de Luiz Wanderley e João do Vale, gravada por Tim Maia, é Camarão, irmão de Cassiano.

Ao término da apresentação, ele permaneceu no palco, conversando com os fãs e autografando gentilmente alguns CDs. Na oportunidade, conversei com ele e disse da minha estranheza com relação ao número de pessoas presentes no teatro, pois em Campina Grande existe um público que aprecia a boa música.

Nos dias atuais, Hyldon continua compondo e lançando trabalhos de forma independente, atento à nova dinâmica de divulgação musical nas plataformas de streaming, antecipando singles em relação ao trabalho completo, a exemplo do álbum SoulSambaRock, lançado em maio de 2020.

Fonte: Paraiba Online