Hyldon canta e encanta em Show de Uberlândia – Diário de Uberlândia
Aos 67 anos e esbanjando boa forma o cantor, compositor e instrumentista Hyldon finalmente chega à cidade
“Nunca me apresentei em Uberlândia em nem no Triângulo Mineiro. E meu maior sucesso foi escrito para uma mineira”, conta Hyldon, referindo-se à “Na rua, na chuva, na fazenda (casinha de sapê”), composta quando ele tinha entre 16 e 17 anos e estava apaixonado por Gioconda, mineira de Juiz de Fora, filha de pais tradicionais que não aprovavam muito o cabelo black power do pretendente da menina. Ela marcou tanto a sua vida que ganhou outra música, “As dores do mundo”. A primeira voltou às paradas com uma regravação do Kid Abelha e a segunda com o Jota Quest.
“Só estou te contando isso porque minha esposa não está em casa”, brinca Hyldon sobre Zoé, sua mulher há 35 anos. “Ela não aguenta mais ouvir falar da Gioconda. Vivemos um amor platônico na adolescência. A conheci numa ilha na Bahia, Madredeus, perto de Salvador. Ela tinha excursionava com os pais. Eu tinha 16 anos”, recorda o músico que logo depois se mudou para Juiz de Fora. Mas a música foi gerada em uma praia em Itaipava, perto de Gurapari (ES), durante uma viagem no carnaval de 1971. “Meus amigos queriam sair e eu só queria ficar quieto e pensar nela. Havia um sapê num coreto ali. Ficou a ideia. Me mudei para o Rio e escrevi a canção em 5 minutos”.
Por sorte, a moça tinha telefone porque o pai era dono de um hotel. Eles mantiveram contato por ele e por cartas. Quando recebeu seu primeiro pagamento por direitos autorais Hyldon comprou um carro só para visitá-la em Juiz de Fora. “Aprendi a dirigir nessa estrada, que era muito ruim”. Ao contrário da música, o namoro não vingou. “Acho que ela faz tanto sucesso porque envolve quatro estados brasileiros”.
“Tiver a sorte de ser descoberto pelo rádio, pelos programadores. Hoje em dia não tem mais isso. Podem até falar que tudo ficou mais fácil com a internet, mas não é bem assim, a concorrência no mundo virtual é bem maior e às vezes vence o marketing e não a arte”, disse o músico, apreciador de uma boa música e de um bom papo.