Alargando fronteiras, o Projeto “Festival Arrumação – Um Rio de Arte”, sob o comando de Saulo Laranjeira, faz série de gravações, no Estado do Rio de Janeiro, do programa televisivo há 35 anos no ar em Minas Gerais. O primeiro episódio contou com as participações de Hyldon, Mona Vilardo e Delsinho Brasileirinho, em apresentação realizada no Palácio Tiradentes, no Centro do Rio, no dia primeiro de dezembro. A série de programas gravados em terras fluminenses contempla mais seis cidades, além da capital e vai receber 37 artistas.
TEXTO: Robert Moura
IMAGEM: Divulgação
No dia primeiro de dezembro aconteceu, no Palácio Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro, a gravação do “Festival Arrumação – Um Rio de Arte”. Surgido no ano de 1987, o programa Arrumação é comandado por Saulo Laranjeira e vai ao ar na Rede Minas, emissora pública do Estado de Minas Gerais. Saulo tem um longo histórico no mundo das artes, sendo apresentador, cantor e ator com destaque para seus personagens humorísticos como Quelé Metaleiro, a Véia Mercina, o Vaqueiro Zé da Silva e o deputado João Plenário. Com produção fixada em Belo Horizonte, o “Arrumação” sempre visitou outras cidades de Minas, agora alarga mais as fronteiras produzindo uma série de programas no Rio de Janeiro. A capital fluminense foi escolhida para celebrar os 35 anos do programa “Arrumação”, a partir de inspiração nas ligações históricas dentre os dois estados, sendo que em 2022 também se completam 200 anos da Estrada Real do Comércio, bem como o Bicentenário da Independência do Brasil. Além da Rede Minas, as gravações no Rio também irão ao ar na TV ALERJ. O projeto passará por sete cidades, contando com apresentações de 37 artistas, sendo 12 do cenário nacional e 25 das cidades e regiões que receberão o festival. O primeiro episódio da série recebeu o percussionista, cantor e compositor Delsinho Brasileirinho, a cantora Mona Vilardo e o cantor e compositor Hyldon.
Delsinho Brasileirinho se apresentou ao lado do filho Gabriel que tocou conga. O artista revelou suas influências que passam pelo samba, maracatu, jongo, reggae, lembrando de nomes do universo da percussão como o onipresente Naná Vasconcelos, e os músicos cariocas Wellington Coelho e Repolho. Da música internacional, ele citou o guitarrista Santana como uma referência. Além de apresentar algumas de suas composições como “Rastáfari” e “Se conselho fosse bom”, ele fez uma execução do clássico do choro “Brasileirinho”, de Waldir Silva, que lhe rendeu o sobrenome artístico, tocando a música com tapas em sua face.
Na sequência, Saulo Laranjeira recebeu a excelente cantora Mona Vilardo que faz um trabalho de resgate da obra das cantoras da Era do Rádio como o projeto “As Rainhas do Rádio”. Passando por uma formação musical que contou com aulas de piano aos 8 anos de idade, curso técnico de canto na Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduação em canto lírico na UNIRIO, além de participações em coros, ela também fez teatro n’O Tablado. A experiência teatral, certamente, contou para a sua forte presença cênica. Mona interpretou “Cantoras do Rádio”, de Alberto Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo, lançada pelas irmãs Aurora e Carmen Miranda, “Lata d’água”, de Luiz Antônio e Jota Junior, em homenagem ao centenário de nascimento de Marlene completado nesse ano, e Dalva de Oliveira foi lembrada em “Bandeira Branca”, de Max Nunes e Laércio Alves, tendo essa canção contado com a utilização da boneca Dalvinha que Mona criou para utilizar em palestras de divulgação do livro infantil que escreveu sobre a artista. De suas influências musicais, ele citou ainda Dolores Duran que descobriu ao comprar um disco em uma banca de revista.
O programa encerrou com a participação do mais do que consagrado Hyldon que, além do bate-papo com Saulo Laranjeira, cantou no formato voz e violão, três clássicos de seu repertório “Na rua, na chuva, na fazenda”, “As dores do mundo” e “Na sombra de uma árvore”. Sobre as canções, Hyldon citou o fato de “As dores do mundo” ter sido inspirada pelo livro homônimo do filósofo Arthur Schopenhauer e composta dentro do Túnel Alaor Prata quando estava no carro com o também músico Luís Vagner. A redescoberta de sua obra pela juventude nas últimas décadas também foi um dos temas abordados, assim como seu gosto pelo cinema e a satisfação de ter canções de sua autoria utilizadas em trilha sonora de filmes como “Cidade de Deus” e “Carandiru”. Em boa forma, o artista fez uma performance impecável das canções encerrando a gravação com a aclamação da plateia. O cantor e compositor, amigo e parceiro de geração de Hyldon, Carlos Dafé compareceu ao evento assistindo da platéia e foi saudado por Hyldon e Saulo Laranjeira, e também pelo público.
Um programa perfeito para um início de noite, como foi, por exemplo, para a bancária aposentada Raquel Miranda que foi ao evento especialmente para assistir ao Hyldon que nunca tinha visto ao vivo, mas surpreendeu-se com a apresentação de Mona Vilardo cantando o repertório das Rainhas do Rádio que ela confessou apreciar muito. Na mesma noite, ainda, foi realizada a gravação de um segundo programa com a participação de Dalto, Roberto Lara e Elisa Queirós. Na sequência da série de gravações pelo Rio foram realizadas apresentações nas cidades de Mendes e Nova Iguaçu e São João de Meriti. A próxima parada acontece dia 13 de dezembro em São Gonçalo que recebe o “Festival Arrumação” com as participações de Kleiton & Kledir, Igor Lopes, Alinne Kelly, Dico e Ella Fernandes. Os municípios de Belford Roxo e Engenheiro Paulo de Frontin também serão palco do festival sempre com entrada franca. (CONFIRA A AGENDA COMPLETA AQUI). – Robert Moura.
PRÓXIMA DATA: “Festival Arrumação – Um Rio de Arte”
DATA: 13 de dezembro, às 19h
LOCAL: Teatro Armazém – Travessa Rubens Falcão, 346 – Porto Novo, São Gonçalo/RJ
INGRESSO: Entrada Franca
INFO: Agenda completa no site: festivalarrumacao.com.br
ROBERT MOURA – É natural de Belo Horizonte. Doutorando em Música (UFRJ), mestre em Artes (UEMG) e bacharel em Música (UEMG). Fundador e professor da Alaúde Escola de Música. Tocou guitarra em bandas de rock na capital mineira. É telespectador do Programa Arrumação desde o ano de sua estreia. Atualmente, seu trabalho está focado no violão clássico e composição. Em 2021, lançou o EP digital “Ensaio Para A Morte” com a trilha sonora que compôs para a peça homônima.
Fonte: Portal Rock Press