Hyldon reafirma sua origem indígena em “Festa na Aldeia”

“Sou negro sim, mas sou índio também”, já cantou Hyldon na faixa “50 Tons de Preto” (2020, do álbum Soulsambarock). Cinco anos depois, o cantor e compositor reafirma sua origem indígena com a faixa “Festa na Aldeia”, lançada como single e clipe de animação.

“Festa na Aldeia” acaba sendo um tributo não apenas aos povos originários, mas também ao povo escravizado, negro, que foi trazido à força ao Brasil. Essa soma de forças está no sangue de Hyldon e na música, já que ela é uma parceria dele com o africanista, grafiteiro, rapper e compositor Nkongo Divwa. A letra mistura português com o tupi.

“Hyldon é uma tradição na música preta no Brasil, ouço desde criança. Eu estudei Línguas Vernáculas na USP, especialmente o tupi antigo, e estava escrevendo algumas letras nessa língua. Encontrei Hyldon depois de um show, comentei com ele sobre esse meu trabalho e ele contou sobre sua origem indígena. Aí deu liga”, conta o parceiro Nkongo Divwa.

“Festa na Aldeia” fala sobre um rito de comemoração do povo Tupinambá após a captura do inimigo. Depois de uma vivência da tribo com o capturado, ele é devorado num ritual antropofágico numa grande festa para que o indígena adquira a força do inimigo.

A capa é uma obra de arte de Marcio Bertoli, que trabalhou à moda antiga: fez a arte no formato físico para depois registrar no digital. “Quando Marcio e eu bolamos a capa, pensamos em homenagear as crianças dos povos originários no Dia das Crianças. E nada mais infantil do que fazer no estilo naif”, conta Hyldon. No clipe, a animação sobre a arte de Bertoli é de Jefferson Arcanjo. “Quanto ao som, tentamos nos aproximar ao máximo do primitivo/tribal com elementos nativos como a flauta de bambu e o coro de crianças”, completa o compositor.

Letra:

“Festa na Aldeia”
(Hyldon/Nkongo Divwa)

Kó ‘ara pupé opakatu abá opori?
Oporaséi kuarasy reiké-e’yma pukui-ne

Hoje todos os índios da aldeia
Vão pular, vão dançar
Até o sol se por…
Daqui da montanha eu vejo todos os índios cantando
Daqui da montanha eu vejo todos os índios dançando

Iké ybyt˜type xe opakatu abá onhé’engáryba’e repiáki

Tobaiara pysykaba oimoeté a’e
Eles estão comemorando a captura do inimigo
Tobaiara pysykaba oimoeté a’e
Eles estão comemorando a captura do inimigo

Tobaiara pysykaba oimoeté a’e
Eles estão comemorando a captura do inimigo
Tobaiara pysykaba oimoeté a’e
Eles estão comemorando a captura do inimigo