Hyldon reúne velhos e novos camaradas em DVD (Estadão)

 

Cantor e compositor de ‘Na Rua, na Chuva, na Fazenda…’ faz show de lançamento em SP

Houve uma época em que a sessão de músicas lentas embalava a hora crucial dos xavecos em bailinhos, bailes e bailões em clubes do interior e salões de periferia Brasil afora. Hits estrangeiros dominavam, acompanhada de uma ou outra balada nacional, geralmente do Tim Maia. Até que um dia apareceu um “tchu, tchu, tchu”que antecedia uma letra em português que ia direto ao ponto para quem estava tentando se dar bem na dança coladinha: “Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez… Dizem que sou louco, por eu ter um gosto assim… gostar de quem não gosta de mim… jogue suas mãos para o céu, e agradeça se acaso tiver… alguém que você gostaria que… estivesse sempre com você… na rua na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê…” Mensagem dada, a volta do apaziguador “tchu, tchu, tchu” era a hora ideal para o bote.

Já se vão 35 anos que o hit matador de Hyldon está por aí. Sucesso daqueles de primeiro lugar nas paradas, nunca deixou de tocar, na voz de Hyldon ou de outros. Embora dançar coladinho em bailinhos há muito não esteja mais na moda, segundo dizem, ‘Na Rua, na Chuva, na Fazenda (casinha de Sapê)’ continua imbatível. E agora chega ao DVD, num registro gravado ao vivo num show numa pequena casa no Rio de Janeiro.

Além do inevitável clássico, estão lá outras sete faixas do disco que em 1975 fez de Hyldon o mestre das músicas para xavecar, entre elas a não menos clássica “Dores do Mundo”. Melhor faixa do DVD, Hyldon canta que vai esquecer de tudo acompanhado do mestre de hits populares Michael Sullivan.

Os outros convidados de Hyldon no DVD são os velhos amigos Carlos Dafé e Bebeto e as novas amizades MC Catra e Sérgio Loroza. O rapper de voz rouca canta “Velho Camarada” no dueto que originalmente era com Tim Maia, fantasma camarada que ronda Hyldon eternamente por causa da amizade e parceria de anos. Costumam chamá-los – junto do sumido Cassiano – de santíssima trindade do soul brasileiro. Soul foi a maneira que alguns esnobes encontraram para justificar que gostavam da música popular e quase sempre romântica que Hyldon, Tim e outros faziam. Na sua imensa sabedoria, Tim disse uma vez que o seu sobrinho Ed Motta precisaria sofrer com uns chifres para aprender fazer música boa. Hyldon, pelo jeito, levou e deu vários.

 

Fonte: Jornal Estadão