Hyldon vai levar soul music ao Rock in Rio: ‘É o maior festival de música do mundo’
Um dos pais do estilo no Brasil, o cantor e compositor vai se apresentar no dia 21 de setembro no Palco Sunset ao lado de Ana Cañas.
O nascimento em Salvador, a infância na pequena Senhor do Bonfim, no interior pernambucano, o crescimento nos bailes de subúrbio do Rio, a aproximação com a Soul Music americana e o desenvolvimento e a consolidação de uma linguagem Soul brasileira. No dia 21 de setembro, todas as fases da vida e da carreira de Hyldon vão estar no Palco Sunset do Rock in Rio.
Acompanhado por Ana Cañas, ele vai apresentar seus maiores sucessos. Entre eles, é claro, estarão “Na rua, na chuva, na fazenda” e “As dores do mundo”, hits da década de 1970 que voltaram a se tornar sucessos populares nos anos seguintes em gravações de Kid Abelha e Jota Quest.
A carreira musical de Hyldon já ultrapassa os 40 anos, mas ele garante que continua com o mesmo entusiasmo e, sobretudo, com a mesma curiosidade musical que o movia quando começou a se apresentar. Na verdade, segundo ele mesmo, foi essa curiosidade que o levou a conhecer o trabalho de sua colega de palco na apresentação do Rock in Rio.
G1 – Você parece conhecer a fundo o trabalho da Ana Cañas. Sempre se interessou pelas composições dela?
Hyldon – Sim, sem dúvida. Olha, eu sempre fui muito curioso com relação à música de maneira geral. A internet aumentou ainda mais essa curiosidade. Todos os dias, passo horas no computador pesquisando o trabalho de vários músicos, tanto antigos quanto os mais jovens. E as composições da Ana sempre chamaram demais a minha atenção. Acompanho de perto o trabalho dela já há alguns anos.
“Sempre fui muito curioso com relação à música de maneira geral. A internet aumentou ainda mais essa curiosidade. Todos os dias, passo horas no computador pesquisando o trabalho de vários músicos, tanto antigos quanto os mais jovens.”
G1 – Vocês são artistas com trajetórias bem diferentes em termos de produção musical. O que podemos esperar para esse show?
Hyldon – O melhor de nós dois, sem dúvida. Vamos fazer versões bem inspiradas de minhas canções e também das composições da Ana. Eu trago o Soul e ela o Rock, o Folk e a MPB. Pelos resultados que temos nos ensaios, é uma mistura que tem tudo para dar certo. E acho que essa união casa de maneira perfeita com a proposta do Sunset, um lugar onde as experimentações são um pré-requisito.
G1 – Além de cantarem, vocês dois também são músicos. Isso serviu para aumentar o entrosamento entre vocês?
Hyldon – Ah, sim. Isso é outro fator que admiro na Ana, ela também toca e compõe, o que faz com que eu me sinta muito à vontade para me apresentar ao lado dela. No fim, apesar dos estilos serem diferentes, temos muitas coisas em comum.
G1- Esta não é a sua primeira experiência com Palco Sunset do Rock in Rio. Como foi se apresentar na edição 2012, realizada em Lisboa?
Hyldon – Inesquecível. Eu e o Kassin (multi-instrumentista e produtor) tocamos com o Orelha Negra, um grupo que faz uma colagem de canções portuguesas tradicionais com música contemporânea. Eles chegaram com toda aquela informação e nós misturamos tudo com soul e samba. O resultado foi ótimo e o público adorou. Por isso essa experiência nova com a Ana me anima tanto: essas misturas do Sunset sempre dão certo.
“Éramos encantados com aquilo tudo (a soul music americana) e acreditamos que poderíamos criar uma forma brasileira de interpretar aquele tipo de canção. Acho que conseguimos.”
G1 – Apresentações como esta ajudam a manter o seu público renovado?
Hyldon – Sim, é claro. O Rock in Rio é o maior festival de música do mundo e me apresentar nele faz com que o trabalho chegue a uma plateia ainda maior, de idades bem variadas. Essa apresentação vai funcionar como a ampliação de algo que sempre observo em meus shows: sempre há um público jovem muito interessado no meu trabalho.
G1 – Você é parte de uma geração que criou uma forma de fazer Soul Music em português, ali pela década de 1970. Quais as lembranças que guarda daquele período?
Hyldon – As melhores possíveis. Eu já era músico e compositor há alguns anos quando a Soul Music americana chegou com força total aqui no Brasil. Eu, Tim (Maia) e Cassiano recebemos toda aquela carga de influência dos Estados Unidos. O Tim, inclusive, havia morado lá. Éramos encantados com aquilo tudo e acreditamos que poderíamos criar uma forma brasileira de interpretar aquele tipo de canção. Acho que conseguimos.
Fonte: G1.Globo