Enérgica anfitriã
“Minha mãe” foi a última canção a entrar no disco. Nela, Jorge Mautner costura a imagem da figura materna à de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. De acordo com Marcus Preto, “a relação com a religiosidade de Dona Canô, mãe de Maria Bethânia, aconteceu de imediato e a música seria o veículo ideal para um novo dueto entre Gal e Bethânia”.
É por esses detalhes que o disco merece atenção, embora não somente por isso. Vale sublinhar ainda o aceno que Gal faz com outros públicos, mediante os artistas que chegaram junto ao projeto, tornando tudo acessível e simples, mas sem nunca descuidar da qualidade técnica, aliada a um talento incontornável.
Nesse movimento, Gal deve subir aos palcos com a nova turnê ainda neste ano, onde vai mostrar ao vivo o arremate mais recente de seu tecido orgânico, a pele de uma mulher cujo espírito bebe do tempo de antes, de agora e do que pode reservar o porvir.
Outros destaques do registro são a elegante “Livre do amor”; “Realmente lindo”, composição solar de Tim Bernardes, da banda O Terno; “Viagem passageira”, de Gilberto Gil, cuja letra rende boas reflexões sobre o tempo; e “Cabelos e unhas”, de Paulinho Moska e Breno Góes, seguindo o mesmo compasso da anterior – ou seja, concluindo que viver é um estado de mudança eterna.
Fonte : Diario do Nordeste – Caderno 3