Não precisam de apresentações em gravata, nem de cenas institucionais. Conseguem partir a loiça de Norte a Sul. Agarram a música e o público com abraços e deixam-te com água na boca, na sede de quereres ouvir sempre mais.
Ligam o Soul, o Jazz, o Funk, o Rock, o Hip-hop e o BreakBeat e são alvo de aplausos em pé e sala cheia onde quer que vão com todo aquele groove, os breaks, samples e loops. O estilo inconfundível, o estilo deles próprios, muito próprio de quem não anda aqui a brincar e faz da música a sua casa, sem medo de deitar o palco abaixo.
Vieram de projectos diferentes e, ao misturarem esses mundos, tornam o mundo e o trabalho deOrelha Negra únicos. Criativos desde que nasceram, eles são Samuel Mira a.k.a. Sam the Kid (Sampler de Voz/MPC, sintetizador), Fred Ferreira (baterista), Alexandre Cruz aka DJ Cruzfader (DJ/Scratches), Francisco Rebelo aka Rebelo Jazz Bass (baixo, guitarra) e João Gomes akaGomes Prodigy (teclados, sintetizadores).
Depois do sucesso do primeiro álbum, homónimo, chegaram à praça no passado mês de Abril com o novo single «Throwback», que nos fez esperar com ansiedade o novo do álbum. E ainda aqui não tínhamos ouvido quase nada. E entretanto chegou o álbum dia 21 de Maio, também ele homónimo, aquele que é uma nova aventura que nos prende e surpreende, outra vez.
Para quem ainda não teve o prazer de o ouvir, desta vez marcam-nos com ritmos acelerados, influências do dub em incursões psicadélicas. Sobressaltaram mais o rock e até podemos ouvir pormenores de disco sound, blues e referências de música made in Brazil.
Voltaram a samplar vozes tugas, vincando o espírito e a alma portuguesa em linhas de palavras que contornam as suas origens, as nossas. Origens que agora põem a música portuguesa em alta, a nossa música. Nossa e de quem a quiser. Sem fronteiras, sem barreiras, sem timidez.
Quase como se fosse de volta num gira-discos, fazem misturas de gerações em samples. Um bilhete de ida numa viagem onde o passado se mistura com o futuro, onde a história portuguesa é reinventada, os sucessos internacionais dos anos 60, 70 e 80 são representados e voltamos aos teclados analógicos do hip hop dos anos 90. Como por exemplo, o sample de The Feveres, que usaram na faixa «Luta», um grupo pop rock brasileiro que fez muito sucesso na segunda metade dos anos 60. Ou Dona Inah, na faixa «Golden Hotel», mais uma referência da música brasileira.
E por falar em Brasil, podemos também referir a participação de Hyldon, um dos principais capitães do navio da música soul brasileira, e Kassin, um instrumentista que conta com uma mega história na Música, e que vão partilhar o palco com Orelha Negra no concerto no Rock in Rio, no Palco Sunset, no dia 1 de Junho.
Por aqui, continuamos a ouvir o álbum…
Fonte: Site Rua de Baixo