Hoje é aniversário do cantor, compositor, instrumentista e produtor musical Hyldon! Para homenagear o aniversariante do dia, vamos te contar as histórias de dois grandes sucessos do artista.

Para seguir homenageando grandes compositores da nossa MPB – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

 

Sobre Hyldon

Hyldon é considerado, ao lado de Tim Maia e Cassiano, como um dos precursores – ou como a tríade sagrada – da soul music brasileira. Baiano de Salvador, nascido em 1951, mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde começou sua carreira na música aos 14 anos.

Seu primo, Pedrinho da Luz, era guitarrista da banda The Fevers, o que aproximou muito Hyldon da Jovem Guarda. O baiano chegou a participar de uma música do primeiro álbum do The Fevers, em 1965, sendo sua primeira experiência em uma gravação em disco.

Depois disso, Hyldon passou a ser bastante reconhecido como instrumentista e compositor, tendo feito parte das bandas de Tim Maia e Cassiano, e composto músicas para artistas como:

  • Jerry Adriani;
  • Wanderley Cardoso;
  • Wilson Simonal;
  • e Gerson King Combo.

Hyldon também produzir álbuns de Erasmo Carlos e Wanderléa, antes de lançar seu primeiro disco solo, Na Rua, na Chuva, na Fazenda, em 1975. O super hit da faixa-título estourou no Brasil inteiro, ao lado de outras canções do álbum que fizeram sucesso na época, como As Dores do MundoAcontecimento e Na Sombra de uma Árvore.

Desde então, foram 15 discos solo lançados pelo baiano, que há 40 anos tem suas músicas como parte do imaginário de diversas gerações, seja nas suas gravações originais, nas regravações por novos artistas ou presentes em filmes e novelas brasileiras.

Saudando Grandes Compositores da MPB

Hoje, entre os vários sucessos de Hyldon, escolhemos contar as histórias dos clássicosNa Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) e As Dores do Mundo.

A história da música Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê), de Hyldon

Maior sucesso de sua carreira, a canção que deu título ao primeiro álbum de Hyldon, em 1975, foi inspirada em uma musa que o compositor conheceu ainda adolescente, em uma visita que fez a sua mãe, em Madre Deus, ilha em que ela morava, na Bahia.

Havia uma excursão de jovens à ilha e, desta excursão, Hyldon conheceu a mineira Gioconda e logo se apaixonou à primeira vista. Eles trocaram telefones e passaram a trocar correspondências.

A inspiração para a canção veio quando ele foi passar um Carnaval em Itaipava, no Espírito Santo, uma cidade que tinha um coreto com uma casinha de sapê.

Seus amigos queriam levá-lo para os bailes, mas ele – de tão apaixonado – não queria saber de mais nada, só pensava em Gioconda, que estava passando o Carnaval com os pais em uma fazenda. Foi um amor platônico!

Não estou disposto

A esquecer seu rosto de vez

E acho que é tão normal

Dizem que eu sou louco

Por eu ter um gosto assim

Gostar de quem não gosta de mim

Jogue suas mãos para o céu

Agradeça se acaso tiver

Alguém que você gostaria que

Estivesse sempre com você

Na rua, na chuva, na fazenda

Ou numa casinha de sapê, iê

A música foi um sucesso imenso quando foi lançada em 1975 e tocou demais nas rádios, ficando por muito tempo no topo das paradas e projetando o nome de Hyldon nacionalmente.

Mas, depois do estouro do primeiro disco, Hyldon lançou mais alguns álbuns que não fizeram o mesmo sucesso do primeiro e passou alguns anos no esquecimento do público.

A regravação da banda Kid Abelha

Hyldon seguiu trabalhando, até que – anos depois – sua obra e seu talento foram redescobertos e revisitados por artistas da nova geração que estourava em 1990, como é o caso da banda Kid Abelha, que regravou Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê) em seu disco Meu Mundo Gira em Torno de Você, de 1996, trazendo o nome de Hyldon de volta para os ouvidos do público e para o primeiro lugar das paradas, para a nossa alegria!

Hyldon até participou do clipe da versão do Kid Abelha para a sua canção. Este foi o disco de estúdio de maior vendagem da banda carioca, chegando a 500 mil cópias.

Depois, o Kid Abelha gravou novamente Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê), em seu Acústico MTV – lançado em 2002, contando com a participação de Lenine – vendendo outras 500 mil cópias.

Um clássico atemporal!

A história da música As Dores do Mundo, de Hyldon

O mesmo aconteceu com a banda Jota Quest, que regravou a composição de Hyldon, As Dores do Mundo, em seu disco de estreia, no mesmo ano de 1996.

Esta canção – que também estava no primeiro disco deste que é um dos pais do soul brasileiro, de 1975 – foi composta quando Hyldon leu o livro de mesmo nome, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que ganhou de presente do maestro húngaro que viveu em Minas Gerais, Ian Guest.

Schopenhauer era um cara cético, que não acreditava no amor romântico, e Hyldon – que é o oposto disso – quis gravar uma música de amor que contrariava o que o filósofo dizia em seu livro. A letra toda veio quando ele passava de carro embaixo de um túnel.

O teu olhar caiu no meu

A tua boca na minha se perdeu!

Foi tudo lindo, tão lindo foi

E nem me lembro

Que veio depois

A tua voz dizendo amor

Foi tão bonito

Que o tempo até parou

De duas vidas, uma se fez

Eu me senti

Nascendo outra vez

E eu vou!

Esquecer de tudo

As dores do mundo

Não quero saber

Quem fui

Mas sim quem sou

De volta às paradas, merecidamente, em 2016, o álbum As Coisas Simples da Vida, de Hyldon, foi eleito como o 14º melhor disco brasileiro do ano, pela revista Rolling Stone Brasil.

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Hyldon!

Fonte: Nova Brasil FM