Hyldon

Ícone da soul music no Brasil

De volta aos anos 1980

 

 

Foi Paula Toller aparecer no palco e todo mundo – especialmente os fãs do Kid Abelha que já passaram dos 40 anos – começou a comentar: “Gente, essa mulher está conservada no formol”; “ela está inteiraça”. Não era exagero de quem já fez das músicas da banda trilha sonora para muita noite de dor de cotovelo. Paula, que completa 49 anos em agosto, está com um corpão, que foi realçado pelo vestido prata, curto, bem acima dos joelhos. A cantora e o Kid foram atração de mais uma edição da festa Camarim, que sábado lotou o Cheval’s, no Vale do Sol.

Melhor que ver a vocalista da banda, sucesso nos anos 1980, com tudo em cima, foi perceber o clima na plateia. Os quarentões estavam por lá, mas, grande parte era uma rapaziada que dava os primeiros passos quando, em 1984, o então Kid Abelha e os Abóboras Selvagens lançou o disco de estreia, Seu espião, com clássicos como Fixação. E as canções estavam todas na ponta da língua. Nem mesmo Glitter, música que Paula fez questão de dizer que era nova, foi deixada de lado. A galera cantarolou, mostrando maior interesse e saudades da banda. O show foi um dos primeiros depois do período de férias estipulados por Paula, George Israel e Bruno Fortunato, em 2007. A volta foi em setembro do ano passado, quando o grupo se apresentou no Brasilian day, em Tóquio.

“Vamos tocar de tudo: anos 1980, 1990 e 2000″, anunciou Paula, que também não escondia a emoção de reencontrar o público do Kid bastante remoçado. Os arranjos das canções e até mesmo algumas coreografias, como por exemplo em Como é que eu vou embora, estavam lá do jeitinho que ficaram conhecidas. No quesito popularidade, Na rua, na chuva, na fazenda, composição de Hyldon, ganhou em disparada como a preferida. Bastou começarem os acordes, para o público puxar a letra. Fé cega, faca amolada, de Milton Nascimento, segundo Paula uma homenagem a Minas, começou a capela, mas, poucos segundos depois, a plateia acompanhou com batidas ritmadas nas mãos.

Volta e meia, Paula Toller tirava um tempinho para conversar com o público. “O Acústico (o disco lançado como projeto da MTV em 2002) é um de nossos trabalhos de maior sucesso. Mas é de Pega vida (mais recentete disco da banda, lançado em 2005) que escolhemos Peito aberto.” A vocalista aproveitou para fazer um paralelo entre os dois trabalhos. “Todos nós artistas temos altos e baixos na carreira. Às vezes, o que é comercial está em alta. Outras, o que tem qualidade artística em baixa. Vocês entenderam não é? Não vou desenvolver”, disse, deixando claro o recado.

Exatos 60 minutos depois do início do show, a vocalista rasgou seda com o público: “Xonei com cês!”, disse, abusando do mineirês e dando adeus. “Mas ela cantou só uma hora. Não é possível que acabou”, reclamou uma garota no meio da pista. Claro que a banda voltaria para o bis. “Tem alguma Alice por aí? Agora todo mundo é Alice, né? Olha o tanto de homem gritando eu, eu. Tá bom, meu amor, depois da meia-noite pode chamar de qualquer coisa, né?”, brincou, antes de outro clássico do Kid, Alice. “Agora, vamos dançar como se não houvesse amanhã”, sentenciou, para terminar a sua apresentação ao som Pintura íntima.

Depois da festa animada, difícil foi encarar a volta para casa, com a saída tumultuada. Como a pista da rodovia de acesso ao Cheval’s é estreita, houve quem levasse 40 minutos para fazer um trajeto que, em dias tranquilos, não chega a cinco minutos.

 

Fonte: Jornal Uai/Seção Hit

   

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