Se não tivesse nos deixado – em março de 1998, aos 55 anos – um dos maiores ícones da música popular brasileira de todos os tempos – Tim Maia – completaria 81 anos neste 28 de setembro de 2023. Preparamos uma matéria especial para homenagear o Síndico do Brasil nesta data. No fim dela, você encontra uma playlist com os maiores sucessos da carreira de Tim Maia.
O maior cantor brasileiro de todos os tempos
Cantor, compositor, instrumentista e produtor musical, ele foi responsável por introduzir influências da música negra estadunidense – principalmente o soul, mas também o funk e o R&B – na MPB. Sua música traz uma maravilhosa fusão entre ritmos brasileiros e norte-americanos, como – por exemplo – a união do baião com o soul.
Sua genialidade, musicalidade e potência vocal, fazem de Tim Maia um dos artistas mais importantes da história da música do nosso país. Sua voz rasgada e interpretação cheia de emoção e dramaticidade eram um show à parte, nunca visto antes entre os artistas brasileiros.
A revista Rolling Stone Brasil o classificou, em 2012, como o maior cantor brasileiro de todos os tempos e, em 2008, o 9º maior artista da música nacional.
Tim Maia
O início de tudo: de Tijucanos do Ritmo ao Bar do Divino
Sebastião Rodrigues Maia nasceu no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, em 1942, e teve uma infância bastante humilde. Morava em um cortiço e era o caçula de doze irmãos. Quando criança, vendia marmitas com a família e era conhecido como Tião Marmiteiro.
Aos 12 anos, Tim Maia ganhou – de seu pai – o seu primeiro violão e começou na música ainda adolescente, tocando bateria no grupo Tijucanos do Ritmo, formado na Igreja dos Capuchinhos – próxima da sua casa, na qual cantava desde os oito anos de idade e onde chegou a trabalhar como coroinha. Depois, logo assumiu o violão da banda.
O apelido de Tim neste período era Babulina. Isso porque, em uma época em que o rockabilly estava em alta, Tim Maia tocava e cantava a famosa canção do estadunidense Ronnie Self, Bop-A-Lena, com um inglês arranhado que fazia com que parecesse que estava pronunciando “Babulina”.
Bar do Divino
Desde a infância, Tim era muito amigo de Erasmo – que nesta época ainda não usava Carlos como segundo nome, mas sim seu sobrenome: Esteves. Foi Tim quem ensinou para Erasmo Carlos os primeiros acordes no violão.
E foi junto com o amigo, na juventude, que começou a frequentar o famoso Bar do Divino, na Tijuca, onde conheceu os também jovens talentos da música Roberto Carlos e Jorge Ben Jor.
O carioca Jorge Ben Jor, inclusive, tinha o mesmo apelido de Tim, pelo mesmo motivo. Em um primeiro momento, Tim Maia não gostou muito da concorrência, mas não demorou muito para os dois Babulinas se tornarem grandes amigos!
The Sputniks e a parceria de Tim Maia com Roberto Carlos
Com Roberto Carlos, Tim Maia formou sua primeira banda profissional: The Sputniks. O grupo passou a se apresentar no famoso programa Clube do Rock, de Carlos Imperial, na TV Tupi.
Roberto conta que aprendeu a batida do rock no violão ao ver Tim executar a canção Long Tall Sally, de Little Richard.
Por vários motivos na época, Roberto e Tim tiveram um desentendimento quando a banda terminou e ficaram alguns anos sem se falar. Mais pra frente, a dupla voltou a se encontrar – quando Roberto Carlos já estava no auge da carreira solo com o fenômeno da Jovem Guarda, e Tim compôs o grande sucesso Não Vou Ficar, para Roberto lançar, sendo também a canção uma grande impulsionadora da sua própria carreira solo.
Apesar de seu imenso talento musical e da sua genialidade artística, Tim Maia – negro e pobre – demorou mais tempo que Roberto e Erasmo para estourar, mesmo tendo começado a carreira junto com eles.
Isso muito se deve ao fato do preconceito e da discriminação por conta de sua cor e de seu peso. Muitos diziam que Tim era feio e não tinha o rótulo do que se considerava um “galã da Jovem Guarda”, como os outros.
Mais uma vez ele, o racismo, que fez com que o público perdesse a chance de conhecer – ainda mais cedo – a maior voz da música brasileira de todos os tempos.
Tim Maia nos Estados Unidos
Quando os Sputniks acabaram, Tim Maia também tinha acabado de perder seu pai e resolveu largar tudo e arriscar a vida nos Estados Unidos da América.
Conhecer o país, e principalmente, a música estadunidense – pela qual era apaixonado – era o grande sonho de Tim. E ele tinha conhecidos de sua família que moravam por lá e podiam recebê-lo, até ele conseguir se estabilizar no país.
Mas a realidade era bem diferente: Tim não tinha dinheiro nem para comprar a passagem para os EUA. Ele havia vendido todas as suas coisas e pedido dinheiro emprestado para tentar juntar a quantia, mas o valor ainda não era suficiente.
Acontece que, exatamente naquela época, a Arquidiocese do Rio de Janeiro estava mandando uma missão ao país e o nosso ex-coroinha da Igreja dos Capuchinhos era muito querido pelo Frei Cassiano, que o ajudou a embarcar junto com os padres, sem precisar pagar a passagem. O ano era 1959 e Tim Maia tinha 17 anos.
A gravadora Motown
Nos Estados Unidos da América, Tim teve o primeiro contato com a gravadora Motown e com os gêneros musicais que, depois, apresentaria ao Brasil inteiro em suas canções. Lá, ele aprendeu ainda mais sobre a música negra e suas influências e ganhou uma bagagem musical imensa, principalmente na soul music.
Nesse tempo fora, ele estudou inglês (Tim Maia não falava uma palavra em inglês quando foi, apenas imitava o inglês que escutava nas músicas que apreciava desde menino) e chegou a participar de um grupo vocal, o The Ideals.
Na banda, Tim (que era conhecido pelos americanos como “Jim’) escreveu – junto com o líder Roger Bruno – a canção New Love, que foi gravada em um compacto com a participação do percussionista Milton Banana e do contrabaixista de jazz Don Payne.
Mas Tim também passou bastante perrengue e dificuldade nos Estados Unidos: sofreu com a discriminação racial e chegou a ser preso por pequenos furtos e porte de drogas. Quatro anos depois de sua chegada, Tim Maia foi deportado de volta para o Brasil, trazendo na bagagem tudo o que devorou de música nos EUA.
O retorno ao Brasil
Quando chegou no Brasil, Tim se deparou com seus amigos já fazendo muito sucesso na Jovem Guarda e nos programas de televisão da época.
Demorou um pouco para ele conseguir algum espaço e aos poucos começar a fazer alguns pequenos shows em São Paulo, participando de um programa de rádio de Wilson Simonal e tocando com Os Mutantes em um programa da TV Bandeirantes.
Foi quando, em 1968, o cantor e compositor Eduardo Araújo – um dos talentos estourados da Jovem Guarda – chamou Tim Maia para produzir o seu disco A Onda É do Boogaloo e trazer uma pegada soul music para o som do “iê-iê-iê”.
Tim fez versões para oito das 12 canções do disco, e Eduardo ainda incluiu nas faixas a gravação da composição de Tim – Você – clássico que depois fez muito sucesso na voz do próprio Tim Maia.
Neste mesmo ano, Tim Maia teve composições gravadas por Roberto e Erasmo Carlos, que estavam no auge do sucesso:
- Erasmo gravou a canção Não Quero Nem Saber, no seu disco Erasmo;
- e Roberto gravou a já citada Não Vou Ficar, para o álbum Roberto Carlos. A canção também entrou na trilha sonora do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa, lançado em 1970.
Sua carreira começou a se fortalecer e Tim Maia passou a ganhar projeção nacional a partir de 1969, quando gravou um compacto simples com a sua canção These Are the Songs, regravada no ano seguinte junto com Elis Regina e incluída no álbum da cantora: Em Pleno Verão. No mesmo compacto, estava outra composição própria de Tim:
- What Do You Want to Bet.
Em 1968, o artista tinha lançado um outro compacto pela CBS, que trazia as músicas Meu País e Sentimento (Feeling), ambas de sua autoria, a segunda em parceria com Genival Cassiano.
O imenso sucesso do primeiro álbum e outros sucessos de Tim Maia
Mas foi em 1970, que Tim lançou o seu primeiro disco: indicado pelos Mutantes para a gravadora Polydor, o disco de estreia de Tim Maia, com título que leva o seu nome, já traz – de cara – imensos sucessos e clássicos da música popular brasileira, embalados pelas influências da soul e da funk music, e de tudo o que Tim absorveu das bandas da Motown.
O álbum abre com a maravilhosa mistura de soul e baião de Coroné Antônio Bento (de João do Vale e Luiz Wanderley), e também conta com os hits:
- Eu Amo Você e Primavera (Vai Chuva), ambas de Cassiano e Silvio Rochael;
- e Azul da Cor do Mar (composta por Tim quando ele olhava um quadro na parede da sala da casa de um amigo que o abrigou quando ele estava numa pior e não tinha onde morar).
- Além delas, os sucessos Cristina (parceria de Tim com Carlos Imperial) e Jurema (só de Tim Maia).
O disco – que foi eleito em uma lista da revista Rolling Stone Brasil como o 25º melhor disco brasileiro de todos os tempos – teve uma vendagem muito boa, ultrapassando 200 mil cópias e já rendeu o primeiro disco de ouro a Tim Maia.
Os sucessos de Tim Maia Volume II, III e IV
Com o sucesso de estreia, Tim tornou-se cada vez mais famoso no Brasil inteiro e passou a desfrutar de um prestígio sem igual dentro de sua gravadora, possibilitando a plena liberdade criativa para gravar nos três anos seguintes – também pela Polydor – os sucessores daquele disco: Tim Maia Volume II, III e IV.
Ao mesmo tempo, Tim passou a realizar shows sempre lotados e desfrutar de quase unanimidade entre a crítica especializada, por seu imenso talento musical, sendo sucesso das pistas de dança às principais rádios e programas de TV do país.
Em Tim Maia Volume II, de 1971, traz os super hits dançantes:
- Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar), composição sua;
- e a mistura de soul e baião de Festa de Santo Reis (de Márcio Leonardo);
- além de Preciso Aprender a Ser Só (de Marcos e Paulo Sérgio Valle).
- No mesmo disco, Tim também gravou Você e Não Vou Ficar, composições suas que tinham sido lançadas anteriormente por Eduardo Araújo e Roberto Carlos, respectivamente.
Em Tim Maia Volume III, de 1972, o artista traz os sucessos Idade e These Are The Songs, além da regravação de O Que Me Importa, uma balada composta por Cury, que décadas mais tarde ficaria conhecida na versão da cantora Marisa Monte. Durante este ano, Tim passou uma temporada fora, passando por Londres, Paris e Nova York.
Já Tim Maia Volume IV , de 1973, traz os imensos clássicos, que misturam soul e samba:
- Réu Confesso (do próprio Tim);
- e Gostava Tanto de Você (de Edson Trindade, que havia integrado o grupo Tijucanos do Ritmo, banda onde Tim Maia tocava bateria lá nos anos 50).
- Neste disco, Tim também gravou New Love, aquela canção composta com Roger Bruno e lançada nos Estados Unidos.
Vitória Régia e Seroma
Após o lançamento do último disco, Tim comprou um terreno enorme perto do Quilombo de Sacopã, no morro de mesmo nome, e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, bem no lugar onde a rua mudava de nome para Vitória Régia.
No terreno, o artista construiu uma casa de madeira de dois cômodos, para ser a sede da sua nova editora musical e local de ensaio de sua banda, batizadas ambas de “Seroma”, união das sílabas iniciais de seu nome: SE-RO-MA, Sebastião Rodrigues Maia (Seroma também é a palavra “Amores” ao contrário!).
Pouco depois, a gravadora passou a chamar Vitória Régia Discos e a banda que o acompanhava, também Vitória Régia.
Ali, Tim passou a ensaiar dia e noite o que viria a ser o repertório do seu novo álbum. Tim tinha músicas suficientes para um disco duplo, a ser lançado pela gravadora RCA, que o havia contratado para gravar com total liberdade, inclusive já tendo gravado as faixas instrumentais.
Cultura Racional
Mas… a história desse disco é um capítulo à parte: é nesta época, que Tim Maia entra em contato – por meio de um livro da série Universo Em Desencanto – com a Cultura Racional: uma seita, religião ou filosofia de vida, que passa a seguir e leva também para a sua arte, compondo letras inspiradas em seus preceitos.
A Cultura Racional era enfática ao apresentar a proposta de ter somente nos livros a fonte de seus ensinamentos e a leitura como o caminho para a “salvação”.
Os livros abordavam uma grande variedade de temas que iam desde cosmologia, metafísica, ecologia, linguística, teologia, OVNIS e discos-voadores.
A gravadora não quis lançar o álbum daquela forma, pois ele tinha pouco apelo comercial. O artista, então, comprou as gravações e deu início ao seu trabalho independente, lançando os dois discos que vieram a seguir (no lugar de um álbum duplo) – Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol. 2, ambos de 1975 – pela Seroma.
Os discos são verdadeiras obras primas da MPB: os arranjos são fenomenais e as canções mostram um Tim Maia em plena forma vocal. Por conta da Cultura Racional, Tim tinha parado de beber, fumar, comer carne vermelha, só usava branco e obrigava todos da sua banda a fazerem o mesmo.
Embora não tenham sido sucesso de vendas na época, por conta do pouco apelo comercial e da produção e distribuição independente (apenas uma música chegou a tocar nas rádios), em pouco tempo os discos da fase Racional, uma das mais produtivas de sua carreira, viraram artigos de colecionador.
Isso aconteceu depois que o cantor se sentiu traído e alegou descobrir que o guru da Cultura Racional era um charlatão e que fazia tudo que era contra os preceitos da seita. Tim passou a renegar os álbuns dessa fase: destruiu ativamente o material, proibiu seu relançamento e desencorajou regravações enquanto ainda estava vivo.
Não adiantou. As músicas que traziam os ideais da Cultura Racional em suas letras estão entre os maiores sucessos da sua carreira.
Os sucessos de “Tim Maia Racional Vol. 1”
Tim Maia Racional Vol. 1 – que foi eleito em uma lista da revista Rolling Stone Brasil como o 17º melhor disco brasileiro de todos os tempos – traz os grandes sucessos:
- Imunização Racional (Que Beleza) – única música que entrou para a programação das rádios na época;
- Bom Senso;
- Universo em Desencanto;
- Rational Culture;
- Contato com o Mundo Racional;
- e Leia o Livro Universo em Desencanto (todas composições solo de Tim Maia).
Os sucessos de “Tim Maia Racional Vol. 2”
Já Tim Maia Racional Vol. 2 traz as clássicas:
- O Caminho do Bem (de Beto Cajueiro, Serginho Trombone, Paulinho Guitarra);
- Quiné Bissau Moçambique e Angola Racional (só de Tim);
- e Quer Queira Quer Não Queira (parceria de Tim Maia com seu velho amigo Fábio).
Além das influências do soul, funk e blues do primeiro disco, este também traz influências musicais africanas.
Tim Maia foi um dos primeiros artistas independentes do Brasil, lançando grande parte de suas músicas por meio da sua própria gravadora.
De volta aos velhos hábitos
Depois disso, Tim Maia largou de vez a Cultura Racional e voltou com tudo para os velhos e nada saudáveis hábitos, mas os sucessos continuaram a vir, um atrás do outro!
Em 1976, de volta na Polydor, lançou o disco Tim Maia, com o sucesso Rodésia; que tem como tema o continente africano, focando especialmente em suas mazelas: a miséria, a fome e a diáspora negra.
Outra canção importante do álbum é Márcio Leonardo e Telmo, em que homenageia os seus dois filhos: Leonardo e Carmelo.
Os filhos de Tim Maia
Sim, além de sua imensa contribuição para a música popular brasileira e de suas canções icônicas, Tim Maia nos deixou Léo Maia, seu filho e grande representante da MPB atual. Márcio Leonardo Maia Gomes da Silva é filho de Geísa – uma das companheiras de Tim – com outro homem, mas o artista resolveu assumir sua criação desde que o menino nasceu, em 1974. Incrivelmente, Léo lembra muito o pai, física e musicalmente.
Depois, em 1975, Tim teve outro filho com Geísa, o Carmelo (que o artista queria que chamasse Telmo, mas acabou registrando como Carmelo e o chamando de Telmo a vida toda). Ah, mais um grande artista na família é Ed Motta, sobrinho de Tim Maia, filho de sua irmã, Luzia.
Mais sucessos de Tim Maia
Em 1977, o artista lançou mais um disco com o nome Tim Maia, dessa vez pela Som Livre, que traz canções relevantes como: Pense Menos e Sem Você, ambas parcerias com Paulo Ricardo.
Em 1978, Tim lançou – pela Warner – Tim Maia Disco Club, claramente inspirado pela disco music. No álbum, que traz os grandes sucessos:
- Sossego;
- Se Me Lembro Faz Doer
- e Acenda o Farol.
No disco, Tim é acompanhado pela Banda Black Rio.
Também em 1978, o artista lançou o disco Tim Maia em Inglês, por sua gravadora Seroma e completamente ignorado pela crítica, pelas rádios e pelo público, mas com belas canções de sua autoria como:
- With no One else Around;
- e Only a Dream.
Em 1979, foi a vez do disco Reencontro e, em 1980, do álbum Tim Maia, que traz o grande hit:
- Você e Eu, Eu e Você (Juntinhos).
Em 1982 – pela Seroma – regravou o sucesso Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê), de Hyldon, no disco Nuvens.
Tempos não muito favoráveis, mas por pouco tempo!
Nuvens foi lançado em um cenário não muito favorável para Tim Maia. Com sua personalidade forte e gênio difícil, Tim tinha passagens turbulentas pelas cinco principais gravadoras do mercado fonográfico brasileiro (PolyGram, CBS, RCA, Warner e Odeon), com histórico de brigas com produtores, executivos e técnicos, e, portanto, nenhuma gravadora estava interessada em lhe oferecer um contrato e a oportunidade de lançar um disco.
Com a sua situação financeira se agravando e a necessidade musical de lançar um novo disco, o álbum foi lançado de forma independente, com a distribuição muitas vezes feita de mão em mão e nenhum investimento em marketing. Nuvens, apesar de ser considerado pela crítica como uma obra-prima de MBP e um dos melhores discos do artista, é também um dos discos menos vendidos e menos conhecidos pelo grande público.
O Descobridor dos Sete Mares
No ano seguinte, o cantor voltou às gravadoras e lançou o álbum O Descobridor dos Sete Mares, com:
- o imenso sucesso da faixa-título (de Michel e Gilson Mendonça);
- além da triste e clássica balada romântica Me Dê Motivo (de Michael Sullivan e Paulo Massadas).
Também em 1983, Tim Maia participou – na faixa Vale Tudo – do compacto Vale Tudo / Quero Ver Você Dançar, da sua grande amiga Sandra de Sá.
Em 1984, a clássica Bons Momentos (de Marcos Cardoso e Michel) integrou o disco Sufocante, e – em 1985 – as belas Pede a Ela (de Ed Wilson e Carlos Colla) e Leva (de Michael Sullivan e Paulo Massadas), compuseram o álbum Tim Maia.
Em 1985, Tim gravou – ao lado de Gal Costa – o grande sucesso Um Dia de Domingo (de Michael Sullivan e Paulo Massadas), para o disco da cantora: Bem Bom.
Em 1986, mais um disco com o título Tim Maia, traz o seu hit de imenso sucesso Do Leme Ao Pontal e também a clássica Telefone, de Nelson Kaê e Beto Correia.
Em 1987, o artista lançou o disco Somos América e – em 1988 -o álbum Carinhos, que traz a balada Paixão Antiga (de Marcos e Paulo Sérgio Valle).
A produtiva década de 90
A década de 90 foi bem produtiva para Tim Maia: ele gravou mais de um disco por ano, com grande versatilidade. O repertório passou a abranger bossa nova, canções românticas, funks e souls. Descontente com as gravadoras, Tim retomou a ideia da editora Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos.
Começando por Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova, em 1990, que traz o artista cantando músicas como:
- Wave (de Tom Jobim);
- A Rã (de João Donato e Caetano Veloso);
- Minha Namorada (de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra);
- e Garota de Ipanema (de Tom e Vinicius, mas a versão em inglês, Girl From Ipanema, de Norman Gimbel).
Também em 1990, com o disco Dance Bem, Tim interpretou seu grande hit Vale Tudo, além de trazer clássicos já consagrados de sua carreira. Em 1992, voltou para os grandes selos com o bem sucedido álbum Tim Maia Ao Vivo, que também traz grandes sucessos de sua carreira.
O apelido de “Síndico do Brasil”
Ainda em 1990, Tim Maia ganhou o apelido de “Síndico”, dado pelo amigo Jorge Ben Jor, na música W Brasil (Chama o Síndico).
Ben Jor disse que, naquela época, o Brasil estava vivendo um momento tão louco, que – se fosse um prédio – o síndico com certeza seria Tim Maia (que – acreditem ou não – chegou mesmo a propor de ser síndico de um prédio em que morou!).
Em 1993, o álbum Voltou Clarear também traz clássicos da Bossa Nova, como:
- O Barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli);
- e Corcovado (Tom Jobim).
Também em 1993, a pedido de seu amigo Nelson Motta, Tim regravou a canção Como Uma Onda (de Nelson e Lulu Santos), para um comercial de chinelos, tornando-se uma das músicas mais executadas do ano. Depois, Lulu regravou Descobridor dos Sete Mares para a mesma campanha.
Em 1995, o disco Nova Era Glacial, apresentou o seu sucesso escrito por Tim, Essa Tal Felicidade, além de regravações de clássicos da MPB como:
- Arrastão (de Edu Lobo e Vinicius de Moraes);
- Oceano (de Djavan);
- e Aquarela do Brasil (de Ary Barroso).
No ano de 1997, Tim Maia lançou cinco diferentes discos, todos pela Vitória Régia Discos:
No álbum Sorriso de Criança, ele regravou o sucesso Sozinho, de Peninha.
Já em Só Você – Pra Ouvir e Dançar, traz regravações de clássicos como:
- Só Você (de Vinícius Cantuária);
- Só Danço o Samba e O Morro Não Tem Vez (ambas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes);
- e Saigon (de Cláudio Cartier, Paulo César Feital e Carlão).
No disco Amigos do Rei – Tim Maia e Os Cariocas, traz – junto com o grupo Os Cariocas – mais clássicos da Bossa Nova, como:
- Ela é Carioca (de Tom Jobim);
- e Samba do Avião (de Tom e Vinicius de Moraes).
No álbum Pro Meu Grande Amor, regravou:
- A Felicidade e Eu Sei Que Vou Te Amar (ambas de Tom e Vinicius);
- Flor de Lis (de Djavan);
- e Olé Olá (de Chico Buarque).
E em What A Wonderful World, trouxe recriações de standards do soul e do pop norte-americanos dos anos de 1950 a 1970, como:
- Wonderful World (de Lou Adler, Herb Alpert e Sam Cooke);
- On Broadway (de B. Menn, C. Wel, J. Leciber e M. Stoler);
- e Tears On My Pillow (de Bradford e Lewis).
Últimos anos, despedida e homenagens ao Síndico do Brasil
Tim Maia influenciou toda uma geração de artistas desde que despontou, lá em 1970, e, ao longo dos anos 90, também teve muitas composições regravadas por artistas da nova geração, como:
- Os Paralamas do Sucesso (Você e Sossego);
- e Marisa Monte (Chocolate e Não Quero Dinheiro).
Em 1998, o artista lançou o disco Tim Maia Ao Vivo – Volume 2, com grandes sucessos consagrados de sua carreira, e seu último disco em vida.
O falecimento de Tim
No dia 8 de março deste mesmo ano, Tim Maia estava em cima do palco, prestes a começar a cantar, quando passou mal durante um show especial para a televisão, gravado no Teatro Municipal de Niterói.
Ele teve que ser retirado às pressas por sua equipe e levado para o hospital com uma crise hipertensiva e um edema pulmonar. Ficou internado por alguns dias, até falecer por falência múltipla dos órgãos, aos 55 anos, no dia 15 de março de 1998.
As homenagens
Ainda em 1998, Sandra de Sá lançou um disco inteiro com músicas consagradas da carreira de Tim Maia: Eu Sempre Fui Sincero e Você Sabe Muito Bem.
Em 1999, aconteceu um show em Tributo a Tim Maia, no Metropolitan – RJ, com a participação de vários artistas, entre eles:
- Ed Motta;
- Toni Garrido;
- Jorge Ben Jor;
- Luiz Melodia;
- Alcione;
- Planet Hemp;
- Sandra de Sá;
- Cláudio Zoli;
- Pedro Mariano;
- Marcelo Falcão;
- Seu Jorge;
- Banda Vitória Régia;
- e seu filho, Léo Maia.
O show foi exibido no Multishow e lançado em CD e DVD.
Em 2000, a Som Livre lançou o álbum Soul Tim: Duetos, em que vários artistas como Luiz Melodia, Sandra de Sá, Dominguinhos, Emílio Santiago, Fat Family e Hyldon fazem duetos póstumos com Tim Maia, por meio de recursos tecnológicos.
Em janeiro de 2001, Tim recebeu uma homenagem inusitada do guitarrista Robin Finck, do grupo Guns N’ Roses, que tocou uma versão de seu sucesso Sossego, durante a apresentação da banda no Rock in Rio III.
Em 2007, a Rede Globo apresentou o especial Por Toda a Minha Vida, sobre a vida e obra de Tim Maia. No mesmo ano, Nelson Motta, produtor musical, jornalista, amigo e fã de Tim, lançou o best-seller Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia.
Também em 2007, foi lançado o disco póstumo Tim Maia In Concert, em CD e DVD.
Em 2011, o livro de Nelson Motta virou um espetáculo musical – Tim Maia – Vale Tudo – dirigido por Motta e João Fonseca, no qual o papel de Tim foi interpretado por Tiago Abravanel e, depois, por Danilo de Moura.
Tim Maia Racional – Vol. 3
Também em 2011, foi lançado postumamente, o disco Tim Maia Racional – Vol. 3, terceiro álbum da fase Racional do cantor e compositor, que permaneceu inédito por 35 anos. Entre as canções:
- É Preciso Ler e Reler;
- O Supermundo Racional;
- e Nação Cósmica.
Em 2014, foi lançado o filme biográfico Tim Maia, também baseado no livro de Nelson Motta e dirigido por Mauro Lima. Tim é interpretado por Babu Santana e Robson Nunes.
Em 2015, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem na Tijuca, bairro onde Tim nasceu e cresceu. A estátua é feita de bronze e mede 180 centímetros, 12 a mais do que a altura que o cantor tinha.
Também em 2015, Ivete Sangalo e Criolo se juntaram no espetáculo e disco tributo: Viva Tim Maia!, como parte do projeto Nivea Viva.
Em 2021, foi lançado postumamente nas plataformas digitais, o disco inédito Yo Te Amo, que traz hits de Tim Maia cantados em espanhol e chega 51 anos depois de sua gravação original, realizada em 1970.
Playlist com os maiores sucessos de Tim Maia
Preparamos uma playlist especial com 32 sucessos de Tim Maia para vocês:
Para sempre, Tim!
Fonte: Nova Brasil FM