Hyldon vai à Bahia e reencontra sua Casinha de Sapê | EXTRA- PAPO RETO

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Foto: Jardel Melo

 

Era início dos anos 2000, chegou à redação o CD “Velhos camaradas 2”. Lembro que botei pra tocar baixinho, enquanto a gente trabalhava. O jornalista Dirley Fernandes, meu colega de bancada, tinha insistido nisso. “Po…, tem aí o Tim, o Hyldon, o gênio Cassiano!” Depois daquela tarde, passei inúmeras outras ouvindo o disco, e fui me aproximando cada vez mais do Hyldon. Inclusive, fiquei louco por uma música chamada “Táxi pra Bahia” que, apesar da minha insistência, ele não canta nos shows. Chegamos a ir juntos, eu e Dirley Fernandes, a um show do Hyldon num Sesc, que foi maravilhoso. E aí, seguindo o Facebook do cantor, vi que ele andava pela Bahia. Não foi de táxi. Mas reencontrou coisas, descobriu novas e gravou com a meninada de Os Meninos de Tijuaçu (com redundância mesmo). Agora, temos Hyldon samba-reggae, e nova alegria para novas (deixa o pleonasmo aí, redator!) gerações vindouras. Axé!

Como foi esse encontro com uma rapaziada nova da Bahia?

Há muito tempo que eu queria voltar a minha cidade. Tinha uns 40 anos que eu não voltava em Senhor do Bonfim. E conheci uma pessoa, né? Pela internet, na minhas lives, que eu fiz durante a pandemia, e que se tornou a meu amigo. Músico, trabalha na prefeitura, e eu falei com ele que eu queria, estava saudade de dar aula, porque eu dei aula durante 14 anos aqui para as crianças do Terreirão. É uma comunidade que fica perto da minha casa, no Recreio. Eu falei, Jaílson, eu queria tanto dar uma aula, será que você arranja as crianças aí para dar umas aulas e tal? Aí, fui pra Bahia, ele descolou um pessoal do Quilombola, uns moleque muito bom. Aí, eu fui, dei uma aula, fiz uma oficina lá com eles, toquei junto, e era percussão, a Escola de Percussão de Tijuaçu. E aí, cara, eu gostei muito. Fiquei com aquela ideia na cabeça. A gente gravou alguma coisa, gravou a aula, e eu resolvi gravar com eles, tinha um estúdio lá em Bonfim, do Renato Júnior. Ele gravou os tambores lá no estúdio dele. E eu coloquei aqui no Rio as outras coisas, guitarra, baixo, violão, e o Felipe D’Ippolito, que fez o trabalho comigo no estúdio, ele colocou uma guitarra solo, e tava pronto. Uma experiência muito enriquecedora. Depois que nós gravamos, eu voltei lá pra fazer o clipe. Foi em maio. Foi muito bom, foi um astral muito bom. O clipe sai dia 27 na rede, no Youtube. Vai entrar no Canal Hyldon Oficial, que é meu canal no Youtube, e vai sair dia 27 (na próxima terça-feira). A música já está rodando nas mídias sociais e no streaming.

Quem acompanha suas redes sociais sabe que você tem viajado muito, turnê nos Estados Unidos, e tals. Mas a Bahia é diferente pra você, né? É um encontro espiritual, por assim dizer?

Foi muito especial essa minha ida a Senhor do Bonfim. Foi reencontro, né? Com a minha infância. Via várias lembranças da minha cabeça, a casa que eu morei, o colégio que eu estudei, eu comecei a tocar tambor no jardim da infância. Então, foi o máximo eu encontrar com esses meninos que tocam tambor. Parece que eu dei uma volta 360, né, voltei a minhas origens. Foi uma experiência, assim, única, muito bom.

“Na rua, na chuva, na fazenda” é uma música poderosa. Volta e meia ela surge em outras gerações. Fale um pouquinho sobre ela, por favor.

Olha, eu tenho muito orgulho de ter feito “Na rua, na chuva, na fazenda”, e assim atravessado várias gerações, várias regravações, e não só regravações, mas a galera que toca nos barzinhos, o pessoal, os DJs, que nunca pararam de me tocar. Então, assim eu fico muito feliz, e essa música tem uma coisa mágica, que ela se adapta em qualquer ritmo, sabe? E foi um dos motivos de pensar em regravar ela em samba reggae, porque era um dos ritmos que não ainda não tinha tido uma gravação. Uma vez eu vi o Olodum tocando essa música o carnaval. Alguém filmou e me mandou. Desde então eu tava com essa ideia. Aí, quando surgiram esses meninos na minha vida. Os meninos de Tijuaçu. Acho que fechou esse círculo.

Voltando a Salvador, existe alguma chance de você regravar “Táxi pra Bahia”?

Eu tenho o maior carinho por essa música. Foi inspirada no livro do jornalista Oswaldo Moles, que foi parceiro do Adoniran Barbosa. Tem um livro dele chamado “Piquenique classe C”, que tem essa história do táxi pra Bahia. A ideia foi partiu dele. Tim (Maia) chegou a gravar no segundo disco dele, mas ele levou muita música, inclusive ter uma música minha, né? Chamada “I don’t konw what to do with myself”. Eu gravei tocando guitarra, e acabou que o “Táxi pra Bahia” ficou de fora, e depois eu gravei também. Mas ficou de fora do meu disco também, que era de mais baladas. Mas depois o Capone (Tom), excelente produtor, descobriu essa música e gravou com Preta Gil, foi o primeiro single, sabe? Mas eu tenho uma coisa que sou apaixonado, eu me apaixono muito por cidades. Eu tenho música, tem várias músicas falando de Salvador, “Amor na terra do berimbau”. Sou apaixonado por Salvador, pelo Rio de Janeiro, também fiz várias músicas. Tive na Holanda, fiz uma música, “Andar em Amsterdã”. Acabou que o “Táxi” eu me inspirei, mas usei um pouco da minha história, com a menina que eu gostava que era de Juiz de Fora. O táxi passa por Minas Gerais, pra rever um antigo amor. Eu gravei numa coletânea. Mas de repente quem sabe eu gravo. Fazer uma coletânea “As cidades”…

Muitos anos atrás o Jota Quest deu uma roupagem diferente a “Dores do mundo”. Alguma chance de um reencontro?

Tem coisas que acontecem na vida…. E, assim, o no mesmo ano que o Kid Abelha gravou “Na rua, na chuva, na fazenda”, o Jota Quest regravou “s dores do mundo”. E gravou de um jeito diferente, mais moderno. Isso foi muito bom, porque levou para o meu show uma garotada, a geração mais nova. E a gente teve um encontro no Prêmio Multishow. Aí nós tocamos as duas músicas, inclusive porque era fomos música de clipe do ano lá do Multishow. Foi muito lindo esse encontro, e os meninos do Jota Quest são dez. São muito gente fina, é um respeito, um carinho comigo, sabe? E eu gostei muito de conviver com eles. Foi muito bom. A gente passou uma tarde junto lá em Belo Horizonte, lá no estúdio deles, cheio de comidinha mineira, e a gente começou a ensair era tardão, porque depois teve um cafezinho, com pão de queijo. Mas o ensaio foi muito legal, e a apresentação ao vivo ficou muito boa. Eu toquei guitarra com eles. Adorei.

Você passou a pandemia na chuva, na fazenda. Na rua, não. O que aprontou?

Olha, essa pandemia, de um lado foi ruim pra mim por um lado, e por outro foi legal, porque, cara, quando eu eu fiz o disco “Show samba rock”, eu tava lançando o disco, com shows marcados, e a gente ia lançar lá em São Paulo. Tudo certinho pra fazer, né? O discos já saindo. De repente vem a pandemia, cara e eu eu tinha mandado fazer uns discos pra distribuir. Pro show, porque hoje em dia eu disse só serve pra isso, né? E então se aconteceu que veio a pandemia, não podia sair de casa, e eu fiquei, o que vou fazer? Eu resolvi fazer live. Então eu fiz umas 150 lives, que foi o que me salvou. Foi uma experiência muito legal. Eu levava assim tipo um show, sabe? Eu me arrumava, tomava banho, passava perfume e tinha uma produção, né? Tinha a produçãozinha que a gente fazia, que minha esposa me ajudava, colava coisas capa de disco na parede, e fazia uma hora de live todos os dias. Foi isso que que me salvou meu mental, sabe, fortaleceu na minha mente. Eu consegui passar por essa pandemia sem entrar em depressão…

Fonte: EXTRA